Card. Sturla Berhouet: "Penso que o Jubileu será importante para uma evangelização que vá ao mais profundo do coração dos jovens".

S. Em. Rev.ma D. Daniel Fernando Sturla Berhouet, Arcebispo Metropolitano de Montevidéu desde 2014, criado cardeal pelo Papa Francisco em 2015 e Vice-Presidente da Conferência Episcopal do Uruguai desde 2022, está em Roma para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

Pedimos-lhe a sua opinião sobre o papel que a peregrinação desempenha no caminho da fé e qual é, na sua opinião, o alcance evangélico deste Jubileu.

Um dos sinais-chave do Jubileu é a peregrinação. Que papel desempenha a peregrinação num caminho de fé?

"Sabemos o quanto é importante em toda a tradição cristã, não sabemos? Pensemos em locais de peregrinação tradicionais como Santiago de Compostela, onde eu próprio - e já era cardeal - peregrinei com os meus velhos amigos de escola. Éramos 20 jovens de 55 anos e caminhámos mais de 100 quilómetros para chegar a Santiago e abraçar o Apóstolo. Mas creio que em todos os países há uma forte presença da peregrinação, do caminhar, do ir a um santuário, a um lugar específico para encontrar Cristo, a Virgem, os santos. E creio que também isso, tal como vir a Roma, peregrinar aos túmulos dos apóstolos e à cidade santa de tantos mártires é uma atração impressionante".

Pensa que este Jubileu ajudará a pastoral de evangelização da Igreja nos próximos anos?

"Sabemos que, como muitas vezes se diz, não se trata de fazer uma pastoral de eventos, de acontecimentos, mas uma pastoral de processos. Creio que se for bem enquadrada numa catequese preparatória, num acontecimento chave e depois for continuada, pode ser importante para uma evangelização que vá ao mais profundo do coração dos jovens. O que descobrimos hoje - digo-o na perspetiva do meu país, que é um pouco especial na América Latina porque é um país muito secularizado - é que os jovens, quando veem uma proposta claramente cristã, religiosa, que toca o fundo da sua vida espiritual, respondem".