Papa Leão XIV aos atletas: « o desporto pode ajudar-nos a encontrar o Deus Trino »
«Hoje, enquanto celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade, vivemos os dias do Jubileu do Desporto. - sublinhou o Papa Leão durante a homilia da Santa Missa de ontem de manhã, na Basílica de São Pedro - O binómio Trindade-desporto não é usado com muita frequência, mas a associação não é descabida. Na verdade, toda boa atividade humana traz em si um reflexo da beleza de Deus, e certamente o desporto está entre elas. Afinal, Deus não é estático, nem está fechado em si mesmo. É comunhão, relação viva entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se abre à humanidade e ao mundo. A teologia denomina essa realidade de pericoresis, ou seja, “dança”: uma dança de amor recíproco. A vida brota deste dinamismo divino».
Ontem, na Basílica, para a Domingo da Santíssima Trindade, estavam presentes milhares de crianças, jovens e adultos apaixonados por desporto, que chegaram a Roma de todo o mundo para o evento jubilar dedicado a eles. «Eis a razão pela qual o desporto pode ajudar-nos a encontrar o Deus Trino: porque exige um movimento do eu para o outro, que é certamente exterior, mas também e sobretudo interior. Sem isso, ele se reduz a uma estéril competição de egoísmos. Pensemos na expressão “Dá-lhe!”, que é comumente usada pelos espectadores para encorajar os atletas durante as competições. Talvez não seja evidente, mas é um incentivo muito bonito: é o imperativo do verbo “dar”. E isso nos provoca uma reflexão: não se trata apenas de oferecer uma performance física, mesmo que extraordinária, mas de dar-se, de “jogar-se”. Trata-se de dar-se aos outros – para o próprio crescimento, para os torcedores, para os entes queridos, para os treinadores, para os colaboradores, para o público, até mesmo para os adversários – e, em sendo verdadeiramente um desportista, isso vale além do resultado».
O Papa recordou ainda três aspetos que tornam o desporto, hoje, «um meio precioso de formação humana e cristã». «Em primeiro lugar, numa sociedade marcada pela solidão, (...) o desporto ensina o valor da colaboração, do caminhar juntos, daquela partilha que, como já dissemos, está no coração mesmo da vida de Deus (...) - disse - Em segundo lugar, numa sociedade cada vez mais digital – em que as tecnologias, embora aproximando pessoas distantes, muitas vezes afastam aqueles que estão próximos – o desporto valoriza a concretude do estar juntos, o sentido do corpo, do espaço, do esforço, do tempo real. Assim, contra a tentação de fugir para mundos virtuais, o desporto ajuda a manter um contato saudável com a natureza e com a vida concreta, único lugar onde é possível exercer o amor. Em terceiro lugar, numa sociedade competitiva, onde parece que apenas os fortes e os vencedores merecem viver, o desporto também ensina a perder, colocando o homem frente a frente, na arte da derrota, com uma das verdades mais profundas da sua condição: a fragilidade, o limite, a imperfeição».